Com recorde de imigração, EUA gera polêmicas sobre asilo humanitário



Para Daniel Toledo, advogado e especialista em Direito Internacional, medidas de Joe Biden mostram que políticas estão saindo do controle


O número de imigrantes cruzando a fronteira dos Estados Unidos bateu recorde em 2022. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Proteção de Fronteiras (CBP, sigla em inglês), mais de 2,7 milhões de pessoas chegaram ao país. Muito desse cenário se deve a uma postura flexível desde que Joe Biden assumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro de 2021, quando expressou um compromisso com políticas de imigração mais humanitárias e compreensivas.


Nesse contexto, o número de brasileiros que solicitaram abrigo, por exemplo, passou de 12.092, em 2021, para 26.128, em 2022. Os dados são da Universidade de Nova York.


Embora a oferta de asilo seja uma maneira importante de proteção dos direitos humanos, o processo vem acompanhado de uma série de desafios, desde o processamento dos pedidos às tensões políticas.


Para Daniel Toledo, advogado de Direito Internacional e fundador da Toledo e Associados, a situação causa divisão na população norte-americana.


“Muitos são a favor da imigração humanitária, mas esse número é igualmente proporcional à quantidade de pessoas que são contra a entrada de mais imigrantes no país, o que causa diversos problemas entre os próprios cidadãos norte-americanos.”

Daniel Toledo, fundador da Toledo e Associados


Novas medidas


Toledo relembra que uma das primeiras ações de Biden como presidente foi assinar uma ordem que mudou a política de “tolerância zero” adotada pelo governo de Donald Trump. “Ele (Biden) também propôs reformas abrangentes, porém polêmicas, no sistema de imigração”, explica Toledo. O advogado acredita, porém, que alguns movimentos do governo federal mostram que as coisas estão saindo do controle.


“Recentemente, foram adicionados 1.500 militares para reforçar as fronteiras dos EUA, se juntando aos 2.500 que já estavam em serviço. Isso é um sinal claro de que a gestão Biden reconhece os problemas que suas políticas estão causando no âmbito imigratório.”

Daniel Toledo, fundador da Toledo e Associados


Além disso, recentemente, os governadores do Texas e da Flórida, Greg Abbott e Ron DeSantis, estreitaram as regras em relação à imigração ilegal. A tendência é que as medidas sejam ainda mais drásticas.


“Muitas pessoas chegam nesses estados e começam a morar nas ruas e estendendo barracas. Além disso, as fazendas que rodeiam esses limites de território sofrem com imigrantes invadindo suas propriedades e furtando animais para consumo”, pontua Toledo.


Na Flórida, por exemplo, uma nova lei exigirá que empresas com mais de 25 empregados utilizem o E-Verify. Assim, o site do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos comprova o status migratório de pessoas que pretendem trabalhar no local.


“Os governadores desses estados começaram a identificar essas pessoas e enviá-las para o cuidado federal e, só aí, uma movimentação mais robusta começou a acontecer para conter esse problema”, ressalta o advogado.


Para o especialista em Direito Internacional, o movimento foi fundamental para que as autoridades federais reforçassem a segurança das fronteiras.






Por Metrópoles

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