Ceará registra 66 policiais civis em acompanhamento psicológico

Reportagem do "Fantástico", da Rede Globo, debateu a saúde mental da categoria



O programa Fantástico, exibido na TV Globo na noite deste domingo (21/5), recapitulou os casos de dois policiais que atiraram contra colegas de corporação. Em meio à reportagem, foi apontado que, segundo a Polícia Civil do Estado, o Ceará registra 66 profissionais tendo acompanhamento psicológico. 


As ocorrências citadas no programa foram em Salto, no interior de São Paulo, e outra em Camocim, cidade litorânea cearense. O primeiro caso ocorreu com o sargento Cláudio Henrique Frare Gouveia, que atirou em dois colegas de batalhão na última segunda-feira (15). 


Já em Camocim, no Ceará, o inspetor da polícia civil Antônio Alves Dourado foi preso em flagrante por matar quatro colegas de trabalho dentro da delegacia. O caso aconteceu na madrugada de domingo (14). 


Após o crime, Dourado gravou um vídeo declarando ter sido "humilhado" e "transformado como lixo". "Humilhado, esquecido e traumatizado", revelou.


Depois de fazer a gravação, o policial colocou algema em si mesmo e se entregou à polícia. A defesa dele apresentou um atestado do caso, do dia 11 de maio, em que uma psicóloga recomendou o afastamento de 15 dias devido aos sintomas de ansiedade, como insônia.


Além disso, a esposa do inspetor chegou a mostrar vídeo em que ele aparece ajoelhado depois de um dia de expediente em janeiro. Sem camisa e com a mão cobrindo o rosto, já estaria apresentando sinais de problemas com a saúde mental. 


Em entrevista ao Fantástico, o advogado de três das quatro vítimas, Rildo Eduardo Veras Gouveia, disse que não existia nenhum relato de animosidade entre eles. "É uma situação surreal".


Nesse cenário, a Polícia Civil do Ceará informou que fornece assistência médica e psicossocial a todo o efetivo, e que atualmente há 66 profissionais passando por acompanhamento. 


SAÚDE MENTAL DE POLICIAIS


A coordenadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Martins, apontou que esses casos costumam ser individualizados e vistos como "desvios". No entanto, a psicóloga revelou a necessidade de ver a questão a partir uma ótica mais ampla. 


Para ela, é importante modificar a forma de perceber os efeitos do trabalho na saúde mental da corporação. 


"Começando por desmistificar essa questão da saúde mental, do adoecimento, de poder pedir ajuda, de esse profissional não ser perseguido por conta disto".

JULIANA MARTINS

Psicóloga


"Não dá para a gente falar sobre cuidado, sem falar sobre a valorização desses profissionais", acrescentou Juliana.


No Estado de São Paulo, a reportagem detalhou que, com 80 mil PMs na ativa, são concedidos, em média quatro afastamentos diários por questões psiquiátricas. 


Conforme a coorporação, foram mais de 6,5 mil licenças de 2019 até abril de 2023. 


A tenente-coronel e psicóloga-chefe do CAPS da PM -SP, Adriana Nunes Nogueira, detalhou que o sistema acolhe menos de 1% da instituição. 


"Não é porque não temos estrutura para isso, mas porque temos outros fatores de proteção que a instituição oferece, como a inspeção anual de saúde", afirmou. 





Por Diário do Nordeste

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