PM-MT: Após ocorrências com mortes, comandante-geral da PM anuncia aquisição de 800 armas não letais

Coronel Alexandre Corrêa Mendes participou do MT1 e respondeu questionamentos sobre ação de policiais durante ocorrências que terminaram em mortes no estado.



O comandante-geral da PM (Polícia Militar) de Mato Grosso, Alexandre Corrêa Mendes, informou durante entrevista ao MT1 nesta quinta-feira (16) que o Estado vai adquirir 800 armas não letais, que devem ser entregues até abril deste ano. Ele também falou sobre a atuação de policiais durante ocorrências que terminaram em mortes no estado. Veja abaixo:   


Jovem morto em Cuiabá 


Pablo Ferreira de Carvalho da Silva, de 25 anos, foi morto por policiais com seis tiros durante um surto psicótico, na madrugada do último domingo (12), em Cuiabá.. Após a ocorrência, familiares realizaram protestos contra a ação dos policiais.  


Sobre o caso, o coronel Alexandre disse que os policiais foram acionados para atender uma ocorrência de violência doméstica e não de um surto.


“Se tivesse falado que era um surto no próprio CIOSP [Centro Integrado de Operações de Segurança Pública] já teria acionado o SAMU, que é a unidade especializada para lidar com essas pessoas. O caso está sendo apurado por meio de inquérito policial e a perícia oficial esteve no local. Possivelmente, em 30 ou 40 dias, já teremos informações claras e precisas para dizer realmente o que aconteceu naquele local”, afirmou.  



O comandante também alertou para a dependência química da vítima e que trata-se de um caso, também, de saúde pública. “O jovem se envolveu com as drogas e mais uma vez buscaram a polícia para resolver. Quem vai resolver o problema é uma clínica para dependentes químicos, sendo pública ou privada, que vai tratar essas pessoas”, disse. 


Morte em Vera 

 

Já em Vera, município a 486 km de Cuiabá, o jovem Diego Kaliniski, de 26 anos, foi morto em 5 de fevereiro, após resistir à abordagem de policiais, tomar o cassetete de um deles e o agredir. O jovem foi atingido por três tiros, de acordo com a Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica). 


Especialistas em segurança ouvidos pelo Primeira Página  avaliaram a ação dos policiais militares. Jaqueline Muniz, que integra o departamento de Segurança Pública da UFF (Universidade Federal Fluminense), apontou que os policiais não dominaram a doutrina do uso potencial e concreto de força para a mobilização defensiva e reforçou que o despreparo atinge a corporação como um todo. 


Já a diretora executiva do Instituto “Sou da Paz”, Carolina Ricardo, apontou que polícias de estados têm investido em armamento não letal, como os tasers. “Uma arma de choque ali seria muito mais adequada, teria paralisado o menino sem precisar tê-lo matado”, afirmou. 


Em resposta ao caso e às análises das especialistas, o comandante disse que o reforço policial estava a 60 km de distância, nos municípios de Sinop ou Feliz Natal. Além disso, no momento da ocorrência, os dois policiais só tinham à disposição o cassetete e a arma de fogo.  


“A partir do momento que o policial perdeu o seu bastão, ele só tinha, para sua própria defesa, a arma de fogo”, declarou. 


O comandante-geral da PM também cobrou ações da Prefeitura de Vera para resolver as ocorrências de perturbação do sossego.  


“Nós temos que entender que o Poder Público Municipal também fechou os olhos. Nós temos quase oito ocorrências de perturbação do sossego e que, infelizmente, a vítima que veio a óbito tinha participação em algumas delas. Porque o Poder Público não se organizou ali com a própria Polícia Militar ou com a Polícia Judiciária Civil, com outras instituições, para resolver o problema naquele local?”, questionou.  


Os policiais militares envolvidos na abordagem que levou a morte do jovem Diego Kaliniski foram afastados dos cargos.   


Projeto de Lei na AL  


Após a repercussão do caso em Vera, o deputado estadual Wilson Santos reapresentou o PL (projeto de lei) nº 619/2021 que estabelece o uso de câmeras nas fardas dos policiais militares do estado. 


A proposta do projeto de lei é que seja obrigatória a instalação de câmeras de vigilância no interior dos veículos, aeronaves, da Polícia Civil, Polícia Militar, Penal e Bombeiros, além de coletes e capacetes.   





Por Primeira Página

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