GARIMPO: Pistas de pouso clandestinas na Amazônia superam as autorizadas

Um levantamento realizado pela organização MapBiomas revelou que o número de pistas de pouso construídas clandestinamente na Amazônia é superior ao dobro das pistas regulamentadas na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Enquanto 1260 pistas operam regularmente, outras 2869 funcionam sem aval ou mesmo conhecimento do governo. Destas, 28% se encontram dentro ou de uma reserva indígena ou de uma área de preservação ambiental.



Pouco mais de um terço dessas pistas se encontram ao norte do Mato Grosso. O Pará, porém, é o estado onde ficam os municípios recordistas em pistas: o município de Itaituba, maior pólo de escoamento de ouro clandestino do Brasil, conta com 255 pistas. A cidade beira o rio Tapajós, principal rota de acesso de garimpeiros aos pontos de escavação.


Não por acaso, a área de preservação ambiental do Tapajós é a que concentra o maior número de pistas clandestinas na Amazônia, com um total de 156. Já entre as terras indígenas, o ponto focal é a terra indígena Yanomami, com 75 pistas. Destas, um terço se encontra a 5 quilômetros ou menos de um garimpo. A região agora se encontra em situação de emergência em saúde: a escavação do solo provocou entre os indígenas um surto de malária e também de fome, em decorrência da intoxicação dos peixes locais com o mercúrio despejado nos rios.


Bloqueio aéreo


Uma das primeiras medidas adotadas pelo governo para combater a atividade garimpeira na Amazônia, em especial nas terras yanomamis, foi a proibição do tráfego aéreo civil sobre terras indígenas e áreas de preservação ambiental. A ideia é cortar a capacidade de escoamento do ouro, e assim inviabilizar financeiramente a manutenção do garimpo.


De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a estimativa é de que a terra indígena Yanomami esteja ocupada por cerca de 20 mil garimpeiros, que já começaram a se retirar desde o início do bloqueio aéreo acompanhado da intensificação da presença policial. Para o coordenador geral da MapBiomas, Tasso Azevedo, a operação em curso pode não ser suficiente em longo prazo.


“É preciso ir além, sofisticando a capacidade de rastrear a cadeia produtiva do ouro, geolocalizado o maquinário pesado, que é sempre utilizado pela atividade garimpeira, monitorando em tempo real os sinais de expansão garimpeira em TIs e UCs restritas e protegendo, permanentemente, esses territórios”, declarou.


Um dos parlamentares que acompanham o andamento da operação, Saullo Vianna (União-AM), acrescenta que, mesmo durante essa operação, é necessário um acompanhamento aprofundado para impedir que o problema apenas mude de lugar. “Faz-se necessária uma ação que acompanhe para onde esses garimpeiros estão indo para evitar que esses garimpeiros migrem para o Amazonas e o problema apenas mude de estado”, defendeu.



Por Congresso em Foco

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