ARAPONGAGEM NO BRASIL: Dilma 'exige' transparência dos EUA para manter visita


Barack Obama e Dilma Rousseff (Foto Getty Image)
Jantar do G20 (Foto Reuters)

A presidente Dilma Rousseff condicionou sua visita oficial aos Estados Unidos, programada para outubro, a ações que a Casa Branca teria de tomar, segundo Brasília, em resposta ao escândalo desatado pelas denúncias de que mensagens da Presidência brasileira teriam sido monitoradas pela Agência Nacional de Segurança americana (NSA).

Dilma encontrou-se o com o presidente dos EUA, Barack Obama, na noite de quinta-feira, durante a reunião de Cúpula do G20 em São Petersburgo, na Rússia.

Ela diz ter exigido do presidente americano que Washington abra "tudo" o que tem sobre o Brasil. "Eles vão me informar o tamanho do rombo", disse a presidente no início da tarde desta sexta-feira no aeroporto de São Petersburgo, antes de embarcar de volta a Brasília. "Quero saber tudo o que há sobre o Brasil. Acho complicado ficar sabendo dessas coisas pelos jornais."

De acordo com Dilma, Obama teria assumido a "responsabilidade direta e pessoal" pelas investigações sobre as ações de espionagem, comprometendo-se tanto com a apuração das denúncias quanto com a adoção de medidas que o governo brasileiro ache necessárias.

O presidente americano também teria manifestado disposição em criar "condições políticas" para a visita de outubro. "Minha viagem depende dessas condições políticas", afirmou Dilma.

Em entrevista coletiva nesta sexta na Rússia, Obama disse levar as alegações de espionagem "muito a sério", que vai trabalhar com os governos de Brasil e México (que também teria sido espionado) para "resolver essa fonte de tensão" e que considera "dar um passo atrás e rever" o trabalho dos serviços de inteligência dos EUA.

"Não é só porque temos a possibilidade de obter uma informação que devemos consegui-la. Pode haver custos e benefícios de fazer certas coisas, e temos que pesar isso", disse. E agregou que o episódio não supera "a grande quantidade de interesses que compartilhamos com esses países (Brasil e México)".

"Há um motivo pelo qual fui ao Brasil e convidei a presidente aos EUA. O Brasil é um país incrivelmente importante, uma incrível história de sucesso de transição de um governo autoritário à democracia, uma das economias mais dinâmicas do mundo e, para as duas maiores economias do hemisfério, ser aliados só traz bem aos seus povos", declarou Obama.

Os dois líderes teriam acertado que até quarta-feira será feito um contato entre o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, e a assessora para Assuntos de Segurança dos EUA, Susan Rice, para que o governo americano apresente formalmente sua proposta de resposta ao escândalo.

Se necessário, os próprios presidentes também voltariam a se falar.

A partir dessa apresentação formal, o governo brasileiro avaliará se mantém ou não a visita. Dilma não estabeleceu, porém, nenhum prazo para que a decisão final seja tomada.

BBC BRASIL

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