Escalada de violência cria dificuldade adicional a general brasileiro no Congo


Congoleses deixando a periferia de Goma no dia 15 de julho | Foto: AFP]
 Rebeldes do M23 | Foto: AP

Uma escalada recente no conflito entre forças de segurança e rebeldes da República Democrática do Congo (RDC) e desentendimentos diplomáticos envolvendo a nação e seus vizinhos estão dificultando o trabalho do general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz ─ o novo comandante das forças de paz da ONU no país.

As forças lideradas por Cruz podem ser arrastadas a qualquer momento para a batalha, que vem sendo travada nos limites da maior cidade do leste da RDC, Goma, e já teria deixado mais de uma centena de mortos.

O general comanda não só a maior missão de paz das Nações Unidas, com 20 mil militares, mas também a que possui o mandato mais robusto.

Ele foi o militar escolhido pelo Conselho de Segurança para liderar a ação devido a sua experiência prévia na missão de paz no Haiti. Cruz liderou os capacetes azuis no período final da tomada do último reduto rebelde em Porto Príncipe.

A operação na RDC tem uma unidade militar especial, chamada de Brigada de Intervenção, que estará completa com três mil homens e terá características de força de ataque ─ com contingentes de artilharia, aviação e comandos. Essa força possui suporte legal para não apenas se defender, mas atacar os mais de 50 grupos rebeldes que operam no leste do Congo, especialmente na província do Kivu Norte.

Cruz, que está no país desde o fim de maio, não ordenou ainda nenhuma grande operação ofensiva contra rebeldes.

No último domingo, quando preparava medidas para impedir ações de grupos armados no norte da província, ele foi surpreendido por um conflito de larga escala nas redondezas da principal cidade do leste, Goma, onde estão estacionadas a maior parte das forças da ONU na região.

O confronto ocorre entre o Exército do governo e rebeldes do M23, um grupo formado por ex-militares treinados que desertaram das Forças Armadas levando grande quantidade de armamento pesado. Eles fazem oposição ao governo e teriam recebido financiamento do governo de Ruanda, segundo relatórios da ONU.

Esta é a batalha mais intensa entre as duas forças em meses. O confronto começou por volta das 14h do domingo. Rebeldes do M23 alegaram ter sido atacados pelo Exército do governo. Já as forças de segurança afirmaram que as hostilidades foram provocadas pelo grupo armado.

Tanto os rebeldes como o governo estão se enfrentando com tropas de infantaria armadas com fuzis kalashnikov, lançadores de foguetes RPG-7 e artilharia pesada. Toda a região de Kibati é um reduto do M23.

A batalha perdeu força durante a noite porque os dois lados possuem pouco equipamento para combater no período noturno, mas logo no início da manhã as hostilidades recomeçaram com força e continuaram durante toda a segunda-feira.

Centenas de moradores abandonaram as regiões mais periféricas da cidade, procurando refúgio atrás das montanhas de Muningi, onde Cruz montou a principal linha de defesa da cidade.

BBC BRASIL

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