"Não se pode tratar pobre como se fosse bandido", afirma promotora de Justiça

Promotora Cley MartinsCom a árdua missão de fiscalizar as atividades policiais, a promotora de Justiça defende que o alto investimento no setor de   segurança pública   vá além da melhoria de estruturas físicas.

Há três anos responsável pelo controle externo das atividades policiais em Manaus, a promotora de Justiça Cley Martins, do Ministério Público do Amazonas (MPE/AM), já chegou a uma conclusão prática: aqui, pobre e rico são tratados de modo diferenciado pela polícia. Segundo ela, é comum que cidadãos pobres sejam presos por “desacato” se questionam abordagens truculentas.

Contaminada pelo que chama de “vírus da Justiça”, ela briga para que a polícia respeite a legislação. Mas briga também para que o Estado dê à mesma polícia condições de atuar com dignidade nas ruas, dentro das delegacias e unidades militares. Ela reconhece que o programa Ronda no Bairro trouxe melhora à estrutura física da polícia. Mas ressalta que falta treinamento aos policiais. Cley Martins iniciou no MPE em  1996. Passou 14 anos vivendo as agruras de fazer valer a lei no interior do Estado. Atuou em São Gabriel da Cachoeira, São José do Rio Negro, Manacapuru, Maués, Caapiranga e Careiro da Várzea. Em 2010, foi transferida para Manaus. Desde lá, comanda duas Promotorias de Controle Externo da Atividade Policial (Proceap). A seguir, trechos da entrevista concedida a A CRÍTICA. 

O que mudou nos últimos anos na fiscalização do MP às atividades policiais?

Quando eu cheguei, em 2010, as duas promotorias estavam sob correição do Conselho Nacional do Ministério Público porque havia procedimentos instaurados há dez anos atrás parados no tempo e no espaço. É inadmissível. É a mesma coisa que você ir a uma delegacia de polícia e lá ter um procedimento policial que, em tese, deveria andar o mais rápido possível para chegar à Justiça, parado há uma década. Não existe investigação que demore tanto tempo. Gera impunidade. Assumi havia em torno de 2.300 procedimentos nas duas promotorias. Denúncias das mais diversas: abuso de autoridade, tortura, concussão, prevaricação. À época, havia muitos procedimentos de tortura de 13 anos atrás. Tinha procedimento de 1999. Um ano depois, saímos da correição do CNMP com louvor. Conseguimos atingir as metas.




Portal A Crítica / AM

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