SP/SP: Acordo entre PM e Prefeitura deve permitir a policial multar por barulho



Segundo comandante-geral, agentes da Operação Delegada também poderão trabalhar na fiscalização de bares e na apreensão de táxis

Policiais militares que participam da Operação Delegada devem ampliar a sua atuação e passar a exercer funções de fiscalização da Prefeitura de São Paulo, como aplicar multas contra barulho, no âmbito do Programa de Silêncio Urbano (PSIU), autuar bares irregulares e apreender táxis clandestinos. O prefeito Fernando Haddad (PT) afirma que não quer que o chamado bico oficial da PM se restrinja apenas à repressão de comércio ilegal nas ruas, como ocorre hoje na maior parte da cidade.

"A rigor, você pode delegar tudo que é do poder de polícia da Prefeitura", disse Haddad, após entrevista à Rádio Estadão, à qual afirmou querer ampliar a atuação da Operação Delegada. Ele e o comandante-geral da PM, Benedito Meira, já se reuniram para falar do assunto. Segundo Meira, a fiscalização do barulho está entre as atividades que interessaram o prefeito. "Nós já fazermos ocorrência de perturbação de sossego. Mas hoje não temos competência legal para multar", disse.

Com o acordo, PPMM passariam a ter decibelímetros, aparelhos para medir a poluição sonora. Uma das vantagens de os policiais fazerem esse serviço é que eles já recebem muitas reclamações sobre ruído. Nos fins de semana, 60% dos chamados ao 190 são por causa de barulho. O problema é que, na maioria das vezes, quem denuncia não aceita ir até a delegacia prestar queixa. Com o decibelímetro, os PPMM estarão aptos a aplicar penas administrativas, sem necessidade de ir até a delegacia registrar o BO.

Mais ações também podem ser incorporadas, desde que sigam duas regras. "A Prefeitura só pode delegar o que é de competência exclusiva dela. E o que for delegado tem de ser competente com a função de policial militar", explicou Meira.

O oficial explica que ainda falta a Prefeitura dar entrada oficial nas novas atribuições dos PPMM. Por enquanto, não se falou em aumento do efetivo para a Operação Delegada. Hoje 7 mil PMs atuam na Rua 25 de Março, na Feira da Madrugada, no Bom Retiro e em outros pontos comerciais. No ano passado, o valor orçado para pagamento do Serviço Remunerado (da prefeitura de SP/SP) da Polícia Militar foi de R$ 150 milhões.

Promessa. A mudança da operação já fazia parte do programa de governo de Haddad como candidato. O documento afirmava que os PPMM podem focar a atuação contra desmanches clandestinos na periferia.

Adotada há dois anos na capital, a Operação Delegada reduziu em 60% o número de casos de policiais mortos em bicos irregulares, além de diminuir a criminalidade em áreas comerciais. Mas, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), sua função principal sempre foi a de afugentar camelôs das calçadas paulistanas, até de regiões de fora do centro. O modelo realizado em São Paulo está sendo exportado para todo o Estado. Até o ano passado, 26 cidades haviam aprovado lei que autoriza a prefeitura local a celebrar convênios com a PM para a operação.

O Estado de São Paulo

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