Manifestação no Rio cobra punição para crimes praticados por policiais

Ato foi feito por mãe de vítima supostamente morta por colega de farda.
Famílias também cobram maior rigor nas investigações dos crimes.


Manifestantes fizeram ato contra a impunidade na Polícia Civil, na manhã deste domingo (2), na Praia de Copacabana, na altura do Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio. Rose Oliveira, mãe do policial Eduardo Oliveira, de 25 anos, supostamente morto por um colega de profissão em 16 de abril deste ano em Duque de Caxias, organizou a manifestação para pedir punição a Lincoln Vinícius Bastos Vargas, acusado de matar Eduardo enquanto trabalhavam juntos. Com uma faixa escrita "Chega de impunidade na Polícia Civil", Rose quer maior rigor na investigação.

"Esta ação é um pedido de Justiça, para que a morte do meu filho não seja mais um caso de violência de um jovem morto pela corporação da Polícia Civil que caia no esquecimento das autoridades. Em 2008, Cristiano Pruig morreu assassinado com nove tiros de fuzil pelo helicóptero da Polícia Civil.  Agora foi meu filho, com 25 anos, com um tiro no pescoço, da esquerda para a direita, de cima para baixo. Foi executado por um colega de trabalho, que atualmente está trabalhando", disse a mãe do policial morto.

Os dois policiais e mais um colega, identificado como Lima, estavam na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, quando bandidos os confrontaram. Eduardo estava abaixado e Lincoln em pé atrás do carro em que seguiam. O tiro, que deveria ter sido disparado para frente, foi para baixo, atingindo o pescoço de Eduardo. Segundo laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, a arma do crime seria de Lincoln.

Rose Oliveira disse que após a reconstituição do crime, nenhuma atitude foi tomada pela Polícia Civil em relação a Lincoln. A mãe de Eduardo se reuniu cinco vezes com a chefe da instituição, a delegada Martha Rocha e, no entanto, Lincoln Vargas continua exercendo a profissão.
?Eu não tive nenhuma resposta da polícia, eu só falo com o promotor de Justiça. Ele disse que pediu o afastamento, mas não sabe se o juiz vai aceitar” contou Rose.

A investigação foi encaminhada para a 4ª Vara Criminal, em Duque de Caxias. Eduardo Oliveira estava há dois anos na Polícia Civil.
Mãe de Eduardo Oliveira chora ao lembrar da morte do filho (Foto: Isabela Marinho / G1)

Quem também esteve presente na manifestação foi Carlos Santigao Ribeiro. Ele é pai de Gabriela Prado Maia Ribeiro, que morreu aos 14 anos, em 2002, numa troca de tiros entre policiais e bandidos na estação São Francisco Xavier do metrô e fundador do movimento Gabriela Sou da Paz.

Para ele, a impunidade do caso de Eduardo aumenta ainda mais a dor da perda da família e que a demora para o afastamento de Lincoln Vargas se dá pelo corporativismo da policia. “A proteção dentro da policia se dá por esse corporativismo. Nós sabemos que com as UPPs, os policiais têm tentado dialogar com a sociedade através de ações de cidadania. Então, por isso, tem que acabar com essa proteção na polícia para que os próprios policiais tenham o seu trabalho reconhecido pela população. Nós temos que dar forca para uma mudança na policia”, disse Carlos Santiago.

g1.globo.com

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