MT: Adolescentes disputam o poder e o comando do tráfico.

A Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) mantém um projeto de mapeamento e investigações sobre as atuações de gangues em Cuiabá e Várzea Grande. O último levantamento divulgado pelo órgão dá conta que aproximadamente 30 gangues atuam na região metropolitana da Capital.

O levantamento da DEA identificou que adolescentes fora do ambiente escolar e envolvidos com gangues estão em situação propícia para a prática de infrações graves, como roubo, homicídio, latrocínio, sequestro, tráfico de drogas, entre outras.

Em geral, as gangues disputam a demarcação de território nos bairros e comércio doméstico de drogas, que geram as rixas entre membros de outras gangues. 

Existem ainda as questões passionais. Segundo se apurou, garotas usariam da influência de líderes de gangues para ter acesso a entorpecentes. A aproximação das mulheres em troca das drogas gera briga entre as gangues. 

As "organizações criminosas" são delimitadas em bairros, podendo o mesmo bairro possuir mais de uma gangue. Nesse caso, as organizações acabam se tornando rivais e disputam o poder na localidade.

Em Cuiabá, as principais gangues se concentram nos bairros CPA, Pedra 90, Dom Aquino, Santa Izabel, Tijucal, Colorado, São Mateus, Industriário e São Sebastião, entre outros.

Em Várzea Grande, há atuação comprovada de gangues nos bairros Santa Maria, Cristo Rei e Parque do Lago. 

Delinquência juvenil 

Nesse contexto, autoridades policiais têm atribuído às gangues a autoria de crimes graves. Na última ação, uma gangue de pelo menos seis menores ateou fogo em um ônibus, no Jardim Imperial, em Várzea Grande, no domingo passado (4). 

As gangues também foram responsabilizadas pela execução do menor Gustavo Pacheco da Silva, 16. O garoto foi alvejado com cinco tiros, no mês de julho, dentro da Escola Estadual Cesário Neto, no bairro Bandeirantes, em Cuiabá, onde cursava a 8ª série. 

Foram presos em flagrantes Vinícius Toledo Lemos e Maurício da Silva Pereira Filho. Os dois têm 18 anos e são integrantes de uma gangue no bairro Areião. Eles teriam assassinado Gustavo por desavenças com uma gangue do bairro Dom Aquino, onde a vítima morava. 

Em outra ocorrência, a Escola Estadual "Jaime Veríssimo de Campos", no bairro Nova Esperança, em Várzea Grande, foi invadida por um aluno, que deflagrou vários disparos de arma de fogo.

Os alvos do aluno seriam três rapazes, que não estudam na escola e que teriam se escondido nas dependências da unidade, para fugir dos tiros. Todos foram apontados como participantes de gangues. 

Evasão escolar 

Segundo o delegado responsável pela DEA, Paulo Alberto Araújo, os adolescentes que praticam atos infracionais graves estão, em grande parte, envolvidos em gangues. 

"A maioria dos integrantes é de adolescentes, que estão fora do ambiente escolar e faz parte da evasão escolar", diz Araújo.

O Programa Escolar da DEA, ainda em andamento, tem identificado membros de cada uma das gangues. A idéia, segundo o delegado, não é "prender" todos os integrantes, mas sim tentar integrar os adolescentes desajustados à rede social e reintegrá-los à escola. 

Segundo o levantamento da DEA, membros de gangues possuem vínculo escolar e levam insegurança para o ambiente, com a prática de infrações que desafiam professores em sala de aula e direção da unidade. 

"Estamos indo até os professores para dizer que eles não estão sós, que existe uma rede de integral de proteção à criança e ao adolescestes", disse o delegado Araújo. 

A afirmação do delegado vem ao encontro com a declaração do diretor da Escola Estadual "Jaime Veríssimo de Campos", Jonas Sebastião da Silva, logo após a unidade ter sido invadida por membros de gangues. 

Em entrevista, ele revelou que o aluno J. C. tem 16 anos e uma longa ficha policial. "Não é a primeira vez que temos problemas aqui na escola com a criminalidade. Sabemos que esse aluno está envolvido em problemas sérios e vivemos com medo dos crimes que ele comete e que podem atingir outros alunos do colégio", desabafou.

Fonte: Jornal Midia News/MT

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