Delegado atende na rua como protesto contra falta de estrutura da Delegacia.

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A promotora de Controle da Atividade Policial, Karla Padilha, esteve, na manhã desta sexta-feira (9), na Delegacia do 3º Distrito Policial para constatar a denúncia de abandono do prédio e demora na conclusão das obras de reforma, que já duram nove meses. O delegado Cícero Alves da Rocha afirma que não tem como dar andamento às investigações e, pelo menos 300 inquéritos estão parados.


"Nunca vi uma situação como esta em uma delegacia de Alagoas. É estarrecedor o fato de o delegado não ter nem como antender a população dentro do prédio, tendo que conversar com as pessoas em um banco de praça", afirmou Karla Padilha, acrescentando que o 3º Distrito Policial é responsável por áreas com alto índice de violência como Vergel do Lago, Ponta Grossa e parte da Levada.



Karla Padilha entrou no prédio e encontrou salas com pilhas de inquéritos policiais empoeirados, sem móveis, banheiro sem portas e duas celas. O cenário encontrado vai de encontro a uma decisão do Conselho Estadual de Segurança Pública de que não pode mais haver carceragem em delegacias. "Como fazer uma reforma colocando celas e depois ter que retirá-las? É gasto necessário de dinheiro público", destacou.

Segundo a promotora, o que mais chama a atenção do Ministério Público é o fato de as obras terem iniciado em janeiro e ter um prazo de 60 dias para serem concluídas. "O prazo foi descumprido e, segundo o delegado, faz 60 dias que nenhum funcionário da construtora comparece ao prédio. É preciso investigar como estão sendo geridos os recursos, na ordem de R$ 68.676,60, investidos na obra, já que é dinheiro do Banco Mundial", ressaltou Karla Padilha.

A representante do Ministério Público Estadual vai encaminhar ofícios pedindo explicações ao delegado-geral, Marcílio Barenco, e ao secretário de Defesa Social, Dário César Cavalcante, e determinando a conclusão imediata das obras do 3º Distrito. Além disso, a promotora vai recomendar que, durante este período, a distrital seja transferida para outro prédio. O fato também será comunicado ao procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares Mendes, inclusive, com fotografias da delegacia.

Inquéritos parados

Cícero Rocha afirmou que não tem como dar andamento às investigações dos crimes ocorridos na área do 3º Distrito Policial, já que não tem, sequer, como ouvir uma testemunha. "Não temos computadores funcionando e sempre que alguém vem fazer qualquer queixa, mandamos procurar a Central de Polícia", lamentou o delegado.

Dando seu expediente diário sentado no banco da Praça Moleque Namorador e tendo até que pedir a vizinhança para usar o banheiro, Cícero Rocha afirma que desde janeiro a rotina é encaminhar o inquérito apenas com a portaria e o boletim de ocorrência para a Justiça pedindo prorrogação de prazo. Ao todo, já se acumulam mais de 300 procedimentos parados.

"Os inquéritos em caso de flagrante, como precisam ser concluídos em 10 dias, eu venho fazendo em casa para não responder por crime de prevaricação e processo administrativo por não fazer meu trabalho", explicou Cícero Rocha.

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