Deputada busca apoio a projeto contra pagodes com ofensas às mulheres.


"Mulher é igual a lata, você chuta e outro cata"; "Me dá, me dá patinha, me dá, sua cachorrinha"; "Quando chego na boate, ela se excita, levanta a garrafa de uísque, a perereca dela pisca". As frases, pinçadas de hits de um gênero musical popular conhecido como "pagode baiano", provocaram a indignação da deputada Luiza Maia (PT-BA), que decidiu levar sua revolta ao parlamento do Estado.

Ela é autora de um projeto de lei que pede "a proibição do uso de recursos públicos para contratação de artistas que em suas músicas, danças ou coreografias desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres a situação de constrangimento".

O texto da matéria propõe ainda a criação de uma lista com nomes de artistas que "atentem contra a dignidade da mulher". O relatório seria apresentado pela Secretaria Estadual de Políticas para Mulher.

Apesar da polêmica, o projeto, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça, conseguiu abarcar apoiadores na Assembleia Legislativa da Bahia e entre populares, garante Luiza Maia.

"Todas as 11 deputadas assinaram o projeto. Na semana passada, consegui mais 20 assinaturas de deputados também. No último sábado, fui para o Centro da cidade. Em menos de duas horas, conseguimos mil assinaturas. As pessoas faziam fila para assinar abaixo-assinado em apoio ao projeto", afirmou, adiantando que vai buscar ainda adesões na internet. Na próxima segunda-feira (18), a petição ganhará uma versão online.

"O projeto de lei é parte de uma campanha maior para conscientizar as mulheres no sentido de repudiarem esse tipo de música e não irem para lá dançar e "dar a pata" (música intitulada Me dá a patinha) e achar que um tapinha na cara não dói (Tapa na cara). E que rala - não sei nem como chamam nosso órgão genital - no chão (Rala a tcheca no chão), rala no asfalto. Chega na boate e não sei o quê dela pisca (Perereca pisca). Rapaz, é assim. Um absurdo", esbravejou.

"Feminista de carteirinha", a parlamentar baiana diz que vem enfrentando ataques por conta da iniciativa. "Eu sabia que o projeto ia ser um pouco polêmico porque o pagode na Bahia é muito forte. E é uma parcela do pagode que faz esse tipo de música com esse conteúdo horroroso", afirmou, enfatizando não se tratar de censura, acusação levantada pelos críticos ao projeto.

- Não dá para deixar circular esse tipo de coisa. Coisas horrorosas que nos desqualificam dessa forma - deixou escapar.

Fonte: Ana Cláudia Barros/Portal Terra Magazine.

Comentários