ACORDA POLÍCIA: O policial é uma liderança política

Os últimos movimentos reivindicatórios realizados por policiais militares no Brasil têm demonstrado que quando os governos se mobilizam contrariamente às reivindicações (e dificilmente não o fazem), a maioria das instâncias públicas e privadas que poderiam dar apoio aos policiais aderem aos “argumentos” governistas: o Judiciário decreta a ilegalidade dos movimentos, o Ministério Público denuncia policiais, a imprensa não dá voz às reivindicações e tenta boicotá-lo através de expedientes com requintes de manipulação. Neste cenário, qual deve ser a tática utilizada pela categoria policial para conquistar direitos, obrigando os governos a cumprirem com seus papéis de dignificação dos trabalhadores da segurança pública?

A primeira saída considerada, e a que aparentemente se torna mais eficiente, é que os policiais e bombeiros brasileiros elejam seus próprios representantes, seja nas câmaras de vereadores, nas assembleias legislativas, no Congresso Nacional ou mesmo no Executivo. Só tomando como base a quantidade de policiais e bombeiros militares brasileiros, cerca de 434.122, conforme levantamento da Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), e levando em conta o potencial de liderança comunitária de cada um desses profissionais, possuindo cada um deles a capacidade de “conquistar” dez votos, além do seu próprio, a influência política alcançada é a seguinte:


Contando com o apoio de familiares e pessoas próximas, é de se crer que dez votos sejam bem menos que o possível. Além disso, este número cresce significativamente se considerarmos os policiais civis, os guardas municipais e os policiais federais e rodoviários federais.

Naturalmente, é preciso que haja entidades que agreguem lideranças locais no âmbito nacional, definindo procedimentos regionais que garantam a representatividade política através do voto unificado da categoria. Se existe a “bancada dos evangélicos”, que defende a causa religiosa protestante, a “bancada da motosserra”, que defende os interesses de desmatadores, além de outros tantos setores (legítimos ou não), por que os policiais não podem se unir através do voto em torno de seus objetivos? Trata-se de um modo democrático, legal e relevante de ganhar visibilidade política.

Para uma categoria que pode votar mas não pode se manifestar, explorar o voto parece ser a melhor alternativa. Ou vão acusar os profissionais de segurança pública de “golpistas” por isso?

Fonte: Abordagem Policial

Comentários