O cientista social Frederico César do Carmo assume na próxima segunda (23) o cargo de subsecretário de Estado de Integração e Avaliação da Qualidade das Polícias com a missão de convencer a PM a acabar com o serviço de inteligência batizado de “P-2”, responsável pelas investigações.
Entidades que representam a Polícia Civil alegam que investigar é função de detetives e delegados, cabendo aos militares apenas o policiamento preventivo. Frederico ocupará a vaga deixada por Georgia Ribeiro, exonerada na última sexta-feira depois da morte do detetive Sérgio Barbosa Toledo, de 51 anos, no bairro Industrial, em Contagem, na Região Metropolitana de BH. O policial foi enterrado neste sábado (20) no cemitério do Bonfim, na região Noroeste da capital. Cerca de 150 pessoas, a maioria policiais civis, acompanharam o sepultamento do agente, que deixou uma filha de 16 anos.
O secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, demitiu Georgia Ribeiro após ser informado de que mais de 30 viaturas da Polícia Civil foram deslocadas, na sexta-feira, para o bairro Industrial, mas que não havia nenhum PM no local para ajudar na caça aos bandidos. Além do detetive, um jovem de 18 anos, que seria usuário de drogas, também foi morto durante o tiroteio. Georgia Ribeiro estava na secretaria há oito anos e sempre atuou na integração das polícias.
O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, Denílson Martins, admite que os 9 mil homens da corporação não são suficientes para assumir a investigação de crimes em todo o Estado. Segundo ele, seriam necessários mais 3.500. Em 2012, a previsão é a de sejam preenchidas 300 vagas de investigadores por meio de um concurso público que ainda não foi marcado. “A PM invade a área da Polícia Civil quando realiza a investigação. Os militares não foram preparados para esta função”, diz Denílson.
O diretor da Associação dos Praças Militares e Bombeiros, Luiz Gonzaga Ribeiro, culpa a Polícia Civil por não haver integração. “Para que ocorra um trabalho integrado é preciso que os detetives e os delegados aceitem as regras, e uma delas é a constante avaliação de suas atividades”, afirma Gonzaga.
O deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, é contra o fim da “P-2”. Ele alega que o serviço não realiza investigação, mas dá suporte com o levantamento de dados que ajudam nas prisões. “Cabe ao secretário de Defesa Social cobrar diariamente do chefe da Polícia Civil e do comandante da PM ações efetivas para que a integração ocorra de fato”, diz. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Defesa Social informou que Georgia Ribeiro pediu afastamento do cargo, e negou que o motivo tenha sido a morte do detetive.
Fonte: Hoje em Dia
Comentários
Postar um comentário