MT: Fantasma do "grampo telefônico" aterroriza do Alencastro ao Paiaguás




O fantasma do ‘grampo telefônico’ assombra integrantes de todos os poderes em Mato Grosso. Desde o Palácio Alencastro, sede da Prefeitura de Cuiabá, até o Palácio Paiaguás, onde fica o gabinete do governador - passando pelo Palácio da Justiça, Assembléia Legislativa e Câmara de Vereadores, não há um único detentor de altos cargos públicos que não tema a tal da escuta.

De maneira generalizada, a sensação é de que “tudo que disser ao telefone poderá ser usado contra si mesmo”. Partindo desse princípio, muitos políticos e ocupantes de cargos das administrações públicas adotaram entre si estratégias nas quais os telefones, móveis ou fixos, servem apenas como agenda.

Foi o que fez um importante assessor do governo do Estado. Sem se identificar por razões óbvias, ele conta que não conversa nada importante ao telefone com políticos ou outros gestores. Se tem necessidade de ligar para falar de questões administrativas, procura fazer diálogos curtos e diretos. Quando o assunto permite, usa uma linguagem simples e clara para não chamar a atenção.

Como acredita que pela função que ocupa seu celular está sempre com escuta, esse assessor disse que jamais emprega códigos ou termos técnicos complexos. Dessa maneira, ensina, suas atitudes deixariam de interessar àquele que porventura o esteja investigando.

Mas há pessoas que nem ocupam cargos públicos e têm verdadeiro pânico de escuta. São os assessores diretos ou parentes que representam os interesses de influentes políticos. “Conheço um desses, um parente, não posso dizer o grau e de quem, que reage de maneira assustadora quando falamos ao telefone”, revela um político. “Cara, você está louco, não podemos conversar. Onde você está? Me dê alguns minutos que estarei aí”.

No quinto mandato de um cargo eletivo, um parlamentar cuiabano diz que o maior temor da escuta é a forma como os diálogos gravados são editados. Muitas vezes, reclamou, juntam trechos das conversas que podem nem ter validade judicial e tampouco comprovar a prática de crimes, mas acabam expondo aquele que estava ‘grampeado’ a e situações vexatórias.

Para esse parlamentar, o Ministério Público, tanto estadual quanto federal, têm como premissa que as escutas telefônicas podem gerar investigações interessantes. Por isso, diz, os grampos são permanentes para certas pessoas e cargos, independentemente de serem ou não autorizados pela Justiça. “Quando suspeitam de algo irregular dão início às investigações, usando ou não os termos das escutas”.

Procurado pela reportagem, o procurador do Ministério Público Estadual Paulo Prado, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), disse que não poderia falar sobre grampo telefônico. Nem por telefone, nem pessoalmente.

Fonte: 24 Horas News/MT

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